The Best of Klowner

sábado, dezembro 31, 2005

Ai Michael, Michael...

Michael Jackson aceita participar em «reality show»
Michael Jackson aceitou o convite para participar num «reality show» norte-americano que envolve a sua família.
O cantor aparece no programa piloto e será convidado a entrar em alguns episódios do formato, segundo o jornal The Mirror, que refere ainda que LaToya e Jermaine Jackson também podem vir a participar.
As câmaras de televisão vão acompanhar 24 horas por dia os três sobrinhos de Michael Jackson, que tiveram um breve sucesso nos anos 90 com a boys band 3T. Os jovens tentam agora regressar à indústria da música com este programa.
O programa tem estreia marcada, nos EUA, no final do primeiro semestre de 2006.”
In
Diário Digital

A reacção da parceria TVI/Endemol não se fez esperar. Está já em marcha o projecto para um novo Reality Show que promete revolucionar a televisão portuguesa. Inspirado no modelo americano, o novo programa vai fechar na mesma casa viciados em operações plásticas (fala-se de Lili Caneças, Cinha Jardim e José Castelo Branco, habitués de programas de interesse cultural bastante reduzido, produção TVI), cantores com uma carreira brilhante mas que viveram um declínio acentuado (já foram endereçados convites aos Ozone – os romenos de “Dançando num campo de tílias”, em romeno, “Maliá í, maliá á, maliá ó, maliá ah ah” – Toy, Ana Malhoa e o saudoso Zé Cabra), pessoas com tendências homossexuais (estão a ser feitos esforços pela produção para poder contar com a participação de nomes como Cláudio Ramos, todo os membros do Esquadrão G, parte do elenco masculino da novela "Ninguém como Tu" e claro, Nuno Gomes), e ainda arguidos do processo Casa Pia.
O formato ainda não está totalmente definido, mas correm rumores que o apresentador será o próprio Bibi, sendo as grandes galas emitidas desde a prisão de Vale dos Judeus.
O programa ainda não tem nome, no entanto fontes seguras veiculam os títulos “We are the world, we are the children” ou “Faz uma cirurgia preto, se queres ficar branco”.
José Eduardo Moniz assegura que o programa tenderá a aproximar-se fielmente do dia-a-dia de Michael Jackson, contemplando todas as facetas do cantor americano, só que com "muito mais ritmo, mais alegria e mais loucura, tão ao gosto do povo português".
Vai-se a ver, até é capaz de ficar parecido…
TVI, sempre em cima do acontecimento. Não vos escapa uma, caramba!
Um Obrigadinho bem Português.
GK

sexta-feira, dezembro 30, 2005

Temos pena...

Manuela Moura Guedes informou com grande pesar os Telespectadores da TVI que iria deixar a apresentação do Jornal Nacional. Houve desmaios, prantos, sentimentos de revolta, de saudade, comoção e muito choro de baba e ranho por esse Portugal rural fora. Mas eu senti exactamente o mesmo quando soube que a Celine Dion tinha sido aconselhada por um médico a deixar de cantar: um grande alívio e uma felicidade extrema.
Quanto ao caso Celine, sugiro uma comenda para o médico, que tentou ingloriamente fazer um favor à Humanidade, mesmo tendo a Senhora Dion voltado a "cantar". Não sei onde está a comissão Nobel com a cabeça, já que este homem deveria, no mínimo, ter sido laureado com o Prémio Nobel da Paz, da Medicina, e já agora da Economia, já que representaria uma poupança enorme em discos virgens tão mal preenchidos com 70 minutos de grunhidos em francês.
Já da reforma da Manela, só há uma coisa a dizer: o jornalismo sério e não-sensacionalista agradece…
Um Obrigadinho, aliás, um Obrigadão bem português…
GK

quinta-feira, dezembro 29, 2005

O princípio do Fim

A noite de Quarta-feira, dia 20 de Dezembro de 2005, modificou irreversivelmente e definitivamente o mundo televisivo português e, diria mesmo, mundial. Foi ver milhões de portugueses pregados aos televisores, mais colados ao ecrã que os saudosos DOTs. Não sei se se lembram. Eram aqueles discos de cartão com super cola 3 de um lado que nos davam nas gasolineiras para espetarmos na televisão, mesmo a tapar o canto superior direito do nosso programa favorito. O que feito dos DOTs? Ninguém sabe. Devem andar por aí, a vaguear pelas ruas, já sem cola e ao frio, desolados e magoados com o esquecimento a que foram remetidos. Pobres coitados…
Mas estava a falar-vos de como esta noite de Quarta-Feira mudou a vida dos portugueses. E, como é óbvio, não estou a referir-me ao debate entre os dois maiores candidatos à Presidência da República (maiores porque o Cavaco tem quase dois metros e meio, que eu já lhe apertei a mão e sei, e o Soares, só com aquelas bochechas fazia um cobertor para o António Vitorino) que por um acaso espantoso também decorreu neste dia. Não, porque o debate deve ter tido menos audiências que o canal 2 numa tarde de Domingo. Mas alguém viu debate? É claro que não! As pessoas não tinham cabeça para debates nem para o que quer que fosse. “Porquê?”, pergunta o leitor mais distraído e que tenha vivido os últimos nove meses numa caverna escura selada com uma parede de cimento armado com 7 metros de espessura. Porque foi o dia de finalmente todo o povo português saber quem raio matou o António. É que já não se aguentava com o clima de suspense e de suspeição que estava no ar. Todos suspeitavam de todos. Eu já tinha avisado que estava inocente, mas a certa altura, já nem eu próprio sabia se tinha sido eu a matar o António. É que isto às vezes há coisas do diabo…
Mas finalmente Portugal suspirou de alívio. Ao que parece, foi a “so-called” Guida, mas não vos estou a dar novidade nenhuma. Só que mais que o próprio final, fiquei estupefacto, isso sim, com toda a cobertura que a TVI deu ao encerramento, ao fim de quase três anos (pelas minhas contas, não muito fiavéis...) de uma novela. É que, no fundo, era uma novela como todas as outras.
Tinha uma história minimamente interessante, embora descambasse a maior parte das vezes em fantasias rocambolescas e surreais. (Vejam ao ponto a que este Blog chegou: a discutir novelas! Não lhe dou mais de duas semanas…)
As interpretações também variavam entre o arrebatador (como as de Alexandra Lencastre e de São José Correia) e o miseravelmente mau (Benedita Pereira, claro está, (a provar que não basta ser-se bem servido de glândulas mamárias para se ser actriz, embora ajude...) e mais uma série de canastrões). Chegava a ter momentos de verdadeiras overdoses de má representação que fariam o Shakespear, se fosse vivo, fumar umas brocas, bater com a cabeça na parede durante meia hora, fumar mais brocas (sim, porque não somos só nós que temos poetas viciados em produtos com capacidade para alterar a escrita) e matar-se com a pena com que escreveu Romeu e Julieta.
Esta novela só não tinha gémeos, o que lhe tira logo metade do interesse. Já para não falar no facto de ser a novela mais gay de todos os tempos, uma novela tão maricas que conseguiria deixar Elton John e George Michael enjoados com tanta paneleirisse (termo técnico televisivo)…
O único e grande mérito desta novela foi o de agarrar mais portugueses que a mania do colete reflector no banco do pendura.
Se a novela não era assim tão especial, o que justificou todo aquele aparato, toda aquela pompa e circunstância? E pergunta novamente o chato do leitorvindo de Marte: “Mas que pompa e circunstância?” Olhe homem, antes de mais, não gosto que me façam tantas perguntas. Está farto de me interromper e isso é muito deseducado da sua parte. E depois, onde raio tem andado você? Deve fazer dos 3,5% da população portuguesa que ou por não ter televisão ou por ser extremamente intelectual, não viu a TVI nesta noite tão especial. Não tem vergonha?
Foi um momento histórico! Mal o Jornal Nacional acabou, logo um repórter interrompeu a emissão para explicar a mega-operação em curso. É que a porcaria da cassete com o último episódio (a propósito, pensava que actualmente eles tivessem coisas mais actualizadas que a pré-histórica cassete. Caramba, já ninguém usa as outrora fitas mágicas. Até o DVD já começa a ser um bocadinho ultrapassado, por Deus! A TVI estará assim tão mal de finanças que não possa digitalizar as suas produções? Qualquer dia passam a emitir outra vez em preto e branco….) fez uma viagem tão ridiculamente espectacular, que mais parecia que a caixa estava era cheia de diamantes. A malfadada cassete saiu dos Escritórios da NBP e viajou numa carinha de segurança até aos estúdios da TVI, sempre vigiada de perto por um Helicóptero. Depois, a mala com a cassete foi algemada ao braço de um capanga, que a levou até ao interior dos estúdios, onde posteriormente a colocou num cofre, objecto normalmente usado para guardar objectos de grande valor, como barras de ouro, pedras preciosas ou Merchandise Oficial do Sporting.
Mas para quê tudo isto? Tinham medo que algum maluco roubasse a cassete e pedisse um resgate? Estou mesmo a ver: “Se não me derem o dinheiro até às seis da tarde, queimo a cassete com gasolina e nunca ninguém saberá quem matou o António! Muah ah ah ah ah!”
A não ser que a cassete contenha mais do que um simples episódio. Penso, aliás, tenho a certeza que esta história está muito mal contada. É só a mim que isto cheira a esturro, ou será que estou a deixar queimar os cogumelos?
É que quem matou o António não foi a Guida, mas a Sofia Aparício em pessoa! A cassete, ao contrário do que toda a gente pensa, foi levada não para os Estúdios da TVI mas para o Tribunal de Investigação Criminal. E toda esta segurança foi para evitar que um grupo de ninjas sanguinários contratados pela modelo e pseudo-actriz furtassem a cassete, ilibando-a de qualquer acusação por falta de provas. E a seguir, é claro, ela já poderia dominar o mundo e soltar o seu sorriso maquiavélico, não fosse toda aquela alta segurança estragar-lhe os planos. Podemos estar perante um verdadeiro caso de polícia, e a verdade virá ao de cima quando Sofia Aparício for finalmente presa pelo homicídio de António Paiva Calado.
Ou isto, ou os fulanos da TVI estão realmente com um défice da sua capacidade cerebral.
A escolha é vossa…
Mas o que é certo é que não fui eu que matei o António... Ufa!
Um Obrigadinho bem Português
O sempre vosso e mais aliviado GK

terça-feira, dezembro 20, 2005

Desculpem o incómodo...

Para todas as mentes perversas que me acusam de escrever posts grandes demais, duas coisas. Primeiro, vão para o Inferno, e segundo, aqui está então um post bem curtinho. Espero que fiquem contentes.
Vejam só esta placa que está à entrada de Connecticut, nos Estados Unidos:

Para quem não sabe inglês, recomendo que tirem um curso. Depois disso, perceberão que a placa diz, grosso modo, "Benvindo a Connecticut, terra natal de George W. Bush. Pedimos desculpa por isso."
Posto isto, só me apraz fazer uma questão: Alguém sabe onde nasceu o Sócrates?
Espero que alguém me ilucide...
Um Obrigadinho bem Português
GK



Do FUNDO do coração

As Televendas são um mundo fantástico. Há coisas do diabo nas Televendas. Aqueles electro-choques que se metem nos pneus (de quem os tem, eu os únicos que tenho são os da minha bicicleta, e nem sequer são lá muito bons porque já furaram duas vezes) e que transformam um ogre de 220 quilos num Orlando Bloom de 70. Aqueles trituradores de vegetais que fazem tudo, mas mesmo tudo, até aspiram a casa e limpam as casas de banho se for preciso. Mas bem, não haveria Blog que chegasse para abordar todo o maravilhoso universo do comércio televisivo e dos vendedores com 40 centímetros de sorriso.
Só vos queria falar da mais recente novidade das Televendas que tem inundado as nossas televisões. Falo, como sabem, do Relógio do Centenário do Benfica. Eu sei que isto já parece uma obsessão, mas que raio, tenho lá culpa que tudo o que venha do outro lado da 2ª Circular seja absolutamente anedótico? Mas prossigamos.
O Relógio do Centenário do Benfica. Primeiro, cada vez me convenço mais que estão a apostar no mercado errado. Sim, os benfiquistas vêm muita televisão porque a maioria está desempregada, diriam vocês, amigos leitores. E têm toda a razão. Mas mesmo assim, a melhor maneira de vender coisas do Benfica, seja Kits de Sócio, relógios, naprons ou cuecas é vende-las na feira, em concentrações ilegais de tuning ou em tascas. Não nos esqueçamos que estamos a falar de benfiquistas, e é nestes três sítios que estes passam a maior parte do dia.
Em segundo lugar, talvez se tenham esquecido de um pequeno mas significante pormenor: mais de metade dos benfiquistas não deverá saber ver as horas. Embora isso não interesse nada, porque um lampião que se preze compra tudo o que lhe impingirem, desde que tenha um desenhinho, ainda que minúsculo, do seu glorioso SLB.
Mas ainda assim, era mais seguro dar continuidade a uma estratégia publicitária de sucesso. Lembram-se daquele tabuleiro aos azulejos que, todos juntos, formavam a símbolo do clube, que vinha em mais peças que o Mantorras num jornal pouco credível, sensacionalista e jornalisticamente incompetente, o 24 Horas? Pois bem, e na Publicidade televisiva, para que servia o tabuleiro? Para pousar um livro? Para jogar xadrez? Para tomar o pequeno-almoço? Não, é claro que não. As únicas coisas que um benfiquista lê são A Bola e o 24 Horas. A única coisa que um benfiquista gosta no xadrez, ao que consegui apurar, é a parte de, e desculpem a expressão, “Comer a Rainha”. E o Benfiquista não toma o pequeno-almoço, porque se levanta às 2 e meia da tarde. Então para que é que raio servia o Tabuleiro do Benfica? Servia para pôr os tremoços e as cervejas, companheiros de longa data da massa simpatizante do Benfica. Isto é a mais pura das verdades! Por mais que eu quisesse inventar, a realidade já é absurda que chegue...
Mas voltando aos relógios, há que admitir que nem são feios, uma vez retiradas todas as referências ao clubezeco. Para quem está habituado a relógios “Made by Ciganada”, estes relógios até eram capazes de transformar um qualquer tacanho lampião num ser ligeiramente mais elegante. A publicidade, minha gente, é na publicidade que a porca torce o rabo, o que diz quem sabe, até dói.
Entre outras barbaridades, o voz-off profere com vincado orgulho a seguinte frase: “É um relógio submersível a 100 metros!” E neste momento a música de background pára, fica no ar o eco de tão imponente afirmação e vê-se um relógio rodeado de água e de alguns peixes alheios a tudo o que de grandioso se passa nesta cena. É o momento alto de todo o anúncio. São 5 segundos de verdadeiro Zen. E depois, a emissão retoma a normalidade.
Veja só isto, caro Leitor. Submersível a 100 Metros!? Mas estão a pensar descer ainda mais fundo? Onde tinham os marketers a cabeça quando se saíram com esta? É que para um clube precisar de um relógio com tanta capacidade de aguentar a profundidade, a coisa deve estar mesmo má. E descobri qual a justificação. É que o primeiro destino dos relógios era o pulso dos membros do Conselho Fiscal do Benfica, e nem 100 metros de tolerância chegavam para a profundidade do buraco das contas do Clube. Depois, o segundo destino foi o pulso da equipa que ganhou o campeonato transacto, ou seja, todos os membros da APAF (Para quem não sabe, Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol). Estes pobres coitados eram mandados pelo clube para paragens exóticas, e não conseguiam fazer caça submarina e ver as horas ao mesmo tempo. Claro que a direcção resolveu imediatamente este problema…
E agora estes magníficos relógios chegam aos pulsos de cada lampião. Oxalá venham a ser úteis aos benfiquistas, já que era sinal que o clube atingiria finalmente o lugar que merece: não, não é a Liga de Honra, recordo que estamos a falar do Benfica. Era mesmo a segunda ou terceira divisão. Aí sim, os Benfiquistas poderiam afirmar com conhecimento de causa, que o futebol português está pela Hora da Morte
É que 100 metros é muito metro. O Obikwelu que o diga…
Um Obrigadinho bem Português.
GK

sábado, dezembro 17, 2005

Um Post pouco católico...

Outro dia passei por Fátima e vi com agrado o avanço das obras da nova basílica. É que para uma empreitada portuguesa, a coisa vai muito bem: ainda não chegou, que eu saiba, aos dez anos de construção, o que deve ser um grande record, até porque aquilo ainda leva muito cimento... Mas houve particularmente dois aspectos desta mega construção que me deixaram pensativo. E toda a gente sabe como é perigoso quando isto acontece...
O primeiro alvo da minha preocupação é o nome. Vocês também sabem a importância que eu dou ao nome de grandes construções... (A propósito, vai ser feita uma petição para atribuir um nome digno ao novo aeroporto: "Aeroporto Mantorras Internacional". Muito melhor. Até pode ser que, imbuídos pelo espírito de caridade, já designado também por espírito "Mantorraziano", os estrangeiros até se dêem ao trabalho de aterrar na Ota e percorrer mais de 50 Km para chegar a Lisboa. Só mesmo pelo bom do Mantorras... E se esta não pegar, há já outra na forja: "Apiadeiro de TGV Mantorras zum zum", ou mesmo "Estação Obikwelu", já que nem só de Aeroportos vive o país. A recolha de assinaturas começa em Janeiro...)
Desculpem este aparte longuíssimo. Como provavelmente ja se esqueceram, eu repito. Estava a falar sobre o nome da nova Basílica. É nem mais nem menos que "Basílica da Santíssima Trindade". Santíssima Trindade. Pai, Filho e Espírito Santo. Pensem comigo, se são três pessoas a viver na mesma Basílica, não é uma igreja, é um condomínio privado! E eu é que não queria ser o Administrador de um Condomínio tão grande e tão redondo. Para tratar da limpeza deve ser uma chatice.
E além do mais, é um nome que não diz muito aos portugueses. Os portugueses sabem lá quem é a Santíssima Trindade. Se perguntarem a qualquer português aparentemente normal, ele dir-vos-á que a Santíssima Trindade é o Eusébio, a "Xodona" Amália e, é claro, o Mantorras. Tinha que ser um nome mais apelativo ao coração português. Tipo "Basílica Vamos ajudar uma pobre senhora que pesa 279 quilos, vive na Ota e vai deixar de conseguir dormir por causa dos aviões e, ainda por cima, nunca viu o mar" ou "Basílica Sandes de Couratos e um Tintinho", que são as coisas que realmente tocam no coração dos portugueses. Não tenho razão?
Mas mais que o nome, houve outra particularidade daquela construção que me deixou pensativo e mesmo comovido. Falo da falta de condições dos trabalhadores. Sim, ninguém se lembrou de como deve ser difícil para um trolha trabalhar em Fátima. Falta-lhes a condição sine qua none da trolhisse. Falta-lhe o direito ao piropo! Imaginei que são um mestre de obras (o que para alguns dos meus leitores não será muito díficil) num andaime da nova basílica. Ponto número um: a maior parte das mulheres que passam pela obra ou são idosas ou são freiras ou são ambas. Que condições tem um trabalhador para piropear, se só lhe aparece tal gente? Mesmo que por acaso caminhe elegantemente pela construção alguma jovem digna de um "Oh boa!" ou mesmo de um convicto, e desculpem a gíria, "Papava-te toda!", o trolha sente-se coagido pelo ambiente que o rodeia. Não há condições para o piropoamento. Há quem tente adequar os piropos ao local sagrado onde está, com pérolas como "Levava-te ao céu, meu anjo!" mas é sempre um piropo contido e tímido, e há sempre um desconforto patente nesta actividade fulcral do trabalho de um trolha. E isto preocupa-me, minha gente. Um trolha sem o piropo é um trolha infeliz. É um grande risco para a segurança da construção.
Defendo por isso que se tomem medidas urgentes para a resolução deste gravíssimo problema. Proponho a contratação de jovens designadas no ramo como "boas como o milho" para que circulem à volta do santuário, satisfazendo esta necessidade inata do construtor civil. Mais, por que não a criação de uma "Very Happy Hour", em que se proceda à evacuação do Santuário para dar ao trolha o espaço para dar largas à sua fértil imaginação? Uma hora em que pudesse descarregar todos os piropos acumulados, sem perturbar ninguém, sem intercalar as Avé Marias com as suas audazes palavras.
É que isto é realmente necessário e urgente, caro leitor. Nesta situação quase desumana de falta de condições de trabalho, o pobre trolha não se pode aplicar a 100% àquilo a que chamam "a arte". E quem sofre é a Basílica, que acumulará deficiências na sua estrutura provocadas por estes trabalhadores desmotivados e sem razão de viver.
Por favor, deixem os trolhas trabalhar!
Depois quando a Basílica ruir, soterrando milhares de fiéis, não me venham dizer que eu não vos avisei...
GK

terça-feira, dezembro 06, 2005

Ladrão que rouba Ladrão

Eu sei que não vão acreditar, mas esta notícia acabou de chegar à mesa de trabalho deste blog e é 100% credivel. Não é nenhuma partida do Dia das Mentiras, não senhor, até porque estamos em Dezembro, seus tolos...
Então é o seguinte:

"Benfica condenado a pagar 7 Milhões de €uros a Vale e Azevedo

O Supremo Tribunal de Lisboa condenou esta terça-feira, 6 de Dezembro, o Benfica a pagar 7 milhões de euros a Vale e Azevedo. Os magistrados deram razão ao antigo presidente encarnado num processo que reclamava uma dívida nesse montante.
João Vale e Azevedo tinha colocado o Benfica em tribunal por considerar que tinha a haver sete milhões de euros que dizia ter lá investidos. Uma quantia que a decisão do STJ obriga agora o clube a pagar."

in Diário Digital

Justiça?Nem me atrevo a pôr em causa... Os lampiões que descalcem esta bota. Mas não vendam o Mantorras para arranjar dinheiro, porque a fúria do fado português vos perseguirá sem mesiricórdia.
Agora vejam lá. Por favor, não espalhem esta notícia, que eu só vos contei por que me preocupo com vocês. Estejam bem caladinhos, porque se o Guterres sabe, ainda vem cá pedir dinheiro! E aí não há Orçamento que aguente...
Um Obrigadinho bem português.
GK

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Alice no País dos Coitadinhos

Portugal é, por excelência, o país dos coitadinhos. Adoramos tudo o que seja pobrezinhos, dos sem luz, sem água, sem gás, debaixo de um tecto feito de banha de porco e palhilhas do Mc Donalds, que vivam num espaço com uma área menor que uma despensa das pequenas, com um agregado familiar de 40 pessoas e 18 cães, 35 das quais diabéticas, 25 com miopia na ordem das 14 diopetrias, 37 com bicos de papagaio e todos eles sem médico de família. Ah, e que nunca tenham visto o mar.
Portugal idolatra aqueles que a sorte persegue com um chicote em punho e um sorriso maléfico, como se isto fosse uma qualidade.
É. Portugal adora a tragédia. Tudo o que tenha lágrimas, dor e, se possível, um ou dois membros partidos e muita destruição, toca o lado mais sensível do grande coração português.
Vocês sabem de que é que eu estou a falar. Mas querem provas? Tudo bem, estou aqui para isso. Em apenas três palavras: "Olhos de Água". Duas gémeas, uma pobre e uma rica, que nunca se conheceram, coitadas. Juntem-lhe mais uma loira ceguinha com um cão, de preferência um cão bófia, como o heróico Rax (ai não, Mex. Aliás, como o Rex ou o Max, confundo-os sempre, não sei porquê...) e temos novela para 70% de Share. Como se não bastasse, somos o país com mais acidentes nas estradas, apesar das inúmeras e caras campanhas de sensibilização, o que prova o que eu vos tenho estado a dizer.
Portugal adora um bom drama. E é por isto que, e era aqui que eu queria chegar, é por adorar um bom drama que toda a gente gosta do Mantorras!!!
É ou não é verdade? Estou a dizer-vos que sim. É quase científico. Qualquer português, mesmo que não saiba o que é uma bola de futebol ou nunca tenha ouvido falar no Benfica (o que seria uma benção...), mesmo assim adora o Mantorras. A comovente história de um rapaz, ainda por cima angolano, coitado (o que traz ao de cima o paternalismo português em relação às colónias...), um jovem que já estava com os pés, aliás, com os joelhos para a cova, e que quase por milagre, voltou a jogar futebol, deixa qualquer um desfeito em lágrimas. É, de facto, tocante. Este moço que tem mais ferro nas pernas que um faqueiro de 150 peças da Ideia Casa consegue pôr Benfiquistas e adversários em polvorosa e a gritar "Hey, vai entrar o Mantorras!". Mais, já se festeja a entrada do Mantorras como se de um golo se tratasse.
Tudo isto faz-me lembrar um daqueles jogos de escola. Em cada equipa há sempre um puto mirrado e eléctrico no banco, sempre aos saltos e a dizer "Posso entrar? Hã? Posso, posso, posso? Vá lá! Está bem, eu espero..." e, pacientemente e alegremente, espera. E a cinco minutos do fim, o rapaz mais velho, com uma lágrima ao canto do olho, diz-lhe, emocionado: "Vá puto, vai lá para a frente". E nesta altura, o miúdo levanta-se num rasgo dizendo "Oh boa, oh boa, oh boa! Eu vou entrar, eu vou entrar, eu vou entrar!". E lá entra, e lá vive aqueles cinco minutos com o sorriso mais aberto do mundo. Eu sei, porque comigo era assim, acreditem ou não... E o Mantorras faz viver a criança mirrada e aos pulos que há dentro de mim.
No último jogo do Benfica, quando o jovem angolano fez o gosto ao pé, dei por mim, inconscientemente, a gritar "Golo do Glorioso! Ah ganda Mantorras!!!!" e a dois segundos de comprar o kit de sócio do Benfica. Felizmente, apercebi-me a tempo, dei dois estalos a mim próprio e respirei de alívio por não ter enchido a boca de torresmos e couratos, porque aí, estaria irremediavelmente benfiquista. Mas comtemplem bem o poder do Mantorras! Senhor Luís Filipe Vieira, aproveite bem esta pérola negra, que vai vender kits como se fossem gelados no Verão...
O Mantorras é definitivamente, uma Alice no país dos coitadinhos. O Mantorras é a nova Vaca Cornélia, sem menosprezo para ambos. Se, para além de todo o calvário por que passou, nunca tivesse visto o mar, este verdadeiro herói nacional poderia muito bem vir a ser o nosso novo Presidente da República. Mesmo sendo angolano, para o grande Mantorras abria-se uma excepção. Aposto que batia o Cavaco logo na primeira volta. E, pelo menos, seria um presidente que não iria precisar de fraldas até ao fim do mandato...
Por isso minha gente, só um pedido. Vejam lá se deixam jogar o Mantorras...
GK



quinta-feira, dezembro 01, 2005

O Serial Comendator


É uma notícia que acabo de receber de fonte segura e que promete chocar o país. Aliás, depois de tantas notícias más, aposto que que é desta que o país colapsa. Sim, garantidamente, esta notícia, que eu teimosamente demoro a anunciar através de uma técnica literária conhecida no meio como "encher chouriços" (termo técnico) - "sausage filling" em inglês, vai fazer como que o país desmaie, desfaleça, tenha um xelique, e de seguida desmaie outra vez.
Bem, acho que a melhor maneira de fazer isto é como se lhes fosse tirar a vocês, amigos leitores, um penso rápido. Tem de ser de rompante e à bruta. Vá preparem-se lá. Então é o seguinte:
O Presidente da República tem uma doença incurável.
É. Tinha de ser. Eu sei que é chocante e quando soube pela primeira vez, nem quis acreditar. Mas pronto, algum dia isto tinha de vir a lume.
É verdade. O nosso querido Jorge Sampaio sofre de uma patologia considerada grave, medicamente denominada "comendodependência". Há já algum tempo que começaram a surgir rumores de que o nosso Presidente da República havia contraído, ainda nos primeiros anos de mandato, o virús ECQMFC-V 2.9 (sigla para "Eu Comendo Que Me Farto, Caraças, versão 2.9", com Bluetooth e Office XP), muito frequente em Belém. É um virús que ataca a zona do cortex cerebral e que cria no paciente um desejo incontrolável de agraciar os portugueses com os mais diversos títulos, da "Ordem da Cruz de Cristo" à "Ordem de Mérito pelo Fiel Desempenho das Funções de Organização do Espaço Párqueo Automóvel" (vulgo arrumador de carros).
Segundo as más linguas, esta patologia começou a reflectir-se no comportamento do presidente quando agraciou o seu barbeiro, Sr. Carlos Pires, com a "Ordem da Liberdade dos Cabelos e Bigodes".
Estas suspeitas vieram a ser valorizadas publicamente quando os membros dos Xutos e Pontapés, banda Rock portuguesa dos anos 80, foram tornados por Jorge Sampaio, comendadores. (Imaginem o speaker de um concerto dos Xutos: "E agora, abram alas para a chegada de... Comendador Tim!") (Outro parêntisis, haverá mais algum país onde um comendador berre a plenos pulmões "Ai se ele cai, vai-se partir, meu coração, vai-se partir"?)
Mas este homem tresloucado não parou aqui. Pouco tempo depois, homenageou a Selecção de Futebol Nacional inteira. Ou seja, é isso que estão a pensar. O Rei dos Aviários, o Mr. Frango, a.k.a Chicken Little, está incluído, e provavelmente a partir dessa data teríamos a obrigação de chamar áquele jovem que podemos considerar, passo a expressão, "Guarda Redes" dos portugueses, Comendador Ricardo.
Mas a loucura, o drama, o horror, a tragédia não acaba aqui. O já conhecido como "Serial Comendator" voltou a atacar, ontem à tardinha. Vejam só este relato aterrorizado de uma testemunha ocular:

"Mário Cesariny recebe Ordem da Liberdade
'Mário Cesariny é um grande artista e um lutador pela liberdade antes e depois do 25 de Abril'. Foram estas as palavras do Presidente da República depois de, ontem, ter entregue ao poeta e pintor o Prémio Vida Literária Associação Portuguesa de Escritores e de o ter condecorado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade."
in Jornal de Notícias


Podem pensar que este é apenas mais um. E de facto, têm toda a razão e não minha intenção contrariar-vos, por quem sois... Só que esta homenagem veio elevar a percentagem de pessoas agraciadas por Jorge Sampaio para 83% da População portuguesa. E se o amigo leitor, tal como eu, faz parte dos restantes 17%, há aqui qualquer coisa de muito grave...
Mas não se preocupem, que há-de chegar a nossa vez. Correm rumores de que, até ao fim do mandato, o nosso amigo Jorginho quer atingir a bonita marca de 95%. Mas por outro lado, já viram o perigo que isto representa? Já viram se o nosso amado Presidente decide "comendar" individualidades como José Castelo Branco, Cláudio Ramos, Nuno Gomes ou, ainda pior, Luís Filipe Vieira?! Seria a ruína, a desgraça, o fim do pouco respeito internacional que ainda nos resta.
Felizmente, Jorge Sampaio está já a receber apoio especializado numa clínica de reabilitação, que recorre à mais recente técnica médica, a "sala de agraciação", semelhante às conhecidas salas de chuto.
Mas de qualquer forma, já não vou conseguir dormir hoje à noite. Não me sinto seguro com um louco destes à solta.
Comendador Castelo Branco?
Ainda bem que vai haver eleições...
GK