Do FUNDO do coração
As Televendas são um mundo fantástico. Há coisas do diabo nas Televendas. Aqueles electro-choques que se metem nos pneus (de quem os tem, eu os únicos que tenho são os da minha bicicleta, e nem sequer são lá muito bons porque já furaram duas vezes) e que transformam um ogre de 220 quilos num Orlando Bloom de 70. Aqueles trituradores de vegetais que fazem tudo, mas mesmo tudo, até aspiram a casa e limpam as casas de banho se for preciso. Mas bem, não haveria Blog que chegasse para abordar todo o maravilhoso universo do comércio televisivo e dos vendedores com 40 centímetros de sorriso.
Só vos queria falar da mais recente novidade das Televendas que tem inundado as nossas televisões. Falo, como sabem, do Relógio do Centenário do Benfica. Eu sei que isto já parece uma obsessão, mas que raio, tenho lá culpa que tudo o que venha do outro lado da 2ª Circular seja absolutamente anedótico? Mas prossigamos.
O Relógio do Centenário do Benfica. Primeiro, cada vez me convenço mais que estão a apostar no mercado errado. Sim, os benfiquistas vêm muita televisão porque a maioria está desempregada, diriam vocês, amigos leitores. E têm toda a razão. Mas mesmo assim, a melhor maneira de vender coisas do Benfica, seja Kits de Sócio, relógios, naprons ou cuecas é vende-las na feira, em concentrações ilegais de tuning ou em tascas. Não nos esqueçamos que estamos a falar de benfiquistas, e é nestes três sítios que estes passam a maior parte do dia.
Em segundo lugar, talvez se tenham esquecido de um pequeno mas significante pormenor: mais de metade dos benfiquistas não deverá saber ver as horas. Embora isso não interesse nada, porque um lampião que se preze compra tudo o que lhe impingirem, desde que tenha um desenhinho, ainda que minúsculo, do seu glorioso SLB.
Mas ainda assim, era mais seguro dar continuidade a uma estratégia publicitária de sucesso. Lembram-se daquele tabuleiro aos azulejos que, todos juntos, formavam a símbolo do clube, que vinha em mais peças que o Mantorras num jornal pouco credível, sensacionalista e jornalisticamente incompetente, o 24 Horas? Pois bem, e na Publicidade televisiva, para que servia o tabuleiro? Para pousar um livro? Para jogar xadrez? Para tomar o pequeno-almoço? Não, é claro que não. As únicas coisas que um benfiquista lê são A Bola e o 24 Horas. A única coisa que um benfiquista gosta no xadrez, ao que consegui apurar, é a parte de, e desculpem a expressão, “Comer a Rainha”. E o Benfiquista não toma o pequeno-almoço, porque só se levanta às 2 e meia da tarde. Então para que é que raio servia o Tabuleiro do Benfica? Servia para pôr os tremoços e as cervejas, companheiros de longa data da massa simpatizante do Benfica. Isto é a mais pura das verdades! Por mais que eu quisesse inventar, a realidade já é absurda que chegue...
Mas voltando aos relógios, há que admitir que nem são feios, uma vez retiradas todas as referências ao clubezeco. Para quem está habituado a relógios “Made by Ciganada”, estes relógios até eram capazes de transformar um qualquer tacanho lampião num ser ligeiramente mais elegante. A publicidade, minha gente, é na publicidade que a porca torce o rabo, o que diz quem sabe, até dói.
Entre outras barbaridades, o voz-off profere com vincado orgulho a seguinte frase: “É um relógio submersível a 100 metros!” E neste momento a música de background pára, fica no ar o eco de tão imponente afirmação e vê-se um relógio rodeado de água e de alguns peixes alheios a tudo o que de grandioso se passa nesta cena. É o momento alto de todo o anúncio. São 5 segundos de verdadeiro Zen. E depois, a emissão retoma a normalidade.
Veja só isto, caro Leitor. Submersível a 100 Metros!? Mas estão a pensar descer ainda mais fundo? Onde tinham os marketers a cabeça quando se saíram com esta? É que para um clube precisar de um relógio com tanta capacidade de aguentar a profundidade, a coisa deve estar mesmo má. E descobri qual a justificação. É que o primeiro destino dos relógios era o pulso dos membros do Conselho Fiscal do Benfica, e nem 100 metros de tolerância chegavam para a profundidade do buraco das contas do Clube. Depois, o segundo destino foi o pulso da equipa que ganhou o campeonato transacto, ou seja, todos os membros da APAF (Para quem não sabe, Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol). Estes pobres coitados eram mandados pelo clube para paragens exóticas, e não conseguiam fazer caça submarina e ver as horas ao mesmo tempo. Claro que a direcção resolveu imediatamente este problema…
E agora estes magníficos relógios chegam aos pulsos de cada lampião. Oxalá venham a ser úteis aos benfiquistas, já que era sinal que o clube atingiria finalmente o lugar que merece: não, não é a Liga de Honra, recordo que estamos a falar do Benfica. Era mesmo a segunda ou terceira divisão. Aí sim, os Benfiquistas poderiam afirmar com conhecimento de causa, que o futebol português está pela Hora da Morte…
É que 100 metros é muito metro. O Obikwelu que o diga…
Um Obrigadinho bem Português.
GK
Só vos queria falar da mais recente novidade das Televendas que tem inundado as nossas televisões. Falo, como sabem, do Relógio do Centenário do Benfica. Eu sei que isto já parece uma obsessão, mas que raio, tenho lá culpa que tudo o que venha do outro lado da 2ª Circular seja absolutamente anedótico? Mas prossigamos.
O Relógio do Centenário do Benfica. Primeiro, cada vez me convenço mais que estão a apostar no mercado errado. Sim, os benfiquistas vêm muita televisão porque a maioria está desempregada, diriam vocês, amigos leitores. E têm toda a razão. Mas mesmo assim, a melhor maneira de vender coisas do Benfica, seja Kits de Sócio, relógios, naprons ou cuecas é vende-las na feira, em concentrações ilegais de tuning ou em tascas. Não nos esqueçamos que estamos a falar de benfiquistas, e é nestes três sítios que estes passam a maior parte do dia.
Em segundo lugar, talvez se tenham esquecido de um pequeno mas significante pormenor: mais de metade dos benfiquistas não deverá saber ver as horas. Embora isso não interesse nada, porque um lampião que se preze compra tudo o que lhe impingirem, desde que tenha um desenhinho, ainda que minúsculo, do seu glorioso SLB.
Mas ainda assim, era mais seguro dar continuidade a uma estratégia publicitária de sucesso. Lembram-se daquele tabuleiro aos azulejos que, todos juntos, formavam a símbolo do clube, que vinha em mais peças que o Mantorras num jornal pouco credível, sensacionalista e jornalisticamente incompetente, o 24 Horas? Pois bem, e na Publicidade televisiva, para que servia o tabuleiro? Para pousar um livro? Para jogar xadrez? Para tomar o pequeno-almoço? Não, é claro que não. As únicas coisas que um benfiquista lê são A Bola e o 24 Horas. A única coisa que um benfiquista gosta no xadrez, ao que consegui apurar, é a parte de, e desculpem a expressão, “Comer a Rainha”. E o Benfiquista não toma o pequeno-almoço, porque só se levanta às 2 e meia da tarde. Então para que é que raio servia o Tabuleiro do Benfica? Servia para pôr os tremoços e as cervejas, companheiros de longa data da massa simpatizante do Benfica. Isto é a mais pura das verdades! Por mais que eu quisesse inventar, a realidade já é absurda que chegue...
Mas voltando aos relógios, há que admitir que nem são feios, uma vez retiradas todas as referências ao clubezeco. Para quem está habituado a relógios “Made by Ciganada”, estes relógios até eram capazes de transformar um qualquer tacanho lampião num ser ligeiramente mais elegante. A publicidade, minha gente, é na publicidade que a porca torce o rabo, o que diz quem sabe, até dói.
Entre outras barbaridades, o voz-off profere com vincado orgulho a seguinte frase: “É um relógio submersível a 100 metros!” E neste momento a música de background pára, fica no ar o eco de tão imponente afirmação e vê-se um relógio rodeado de água e de alguns peixes alheios a tudo o que de grandioso se passa nesta cena. É o momento alto de todo o anúncio. São 5 segundos de verdadeiro Zen. E depois, a emissão retoma a normalidade.
Veja só isto, caro Leitor. Submersível a 100 Metros!? Mas estão a pensar descer ainda mais fundo? Onde tinham os marketers a cabeça quando se saíram com esta? É que para um clube precisar de um relógio com tanta capacidade de aguentar a profundidade, a coisa deve estar mesmo má. E descobri qual a justificação. É que o primeiro destino dos relógios era o pulso dos membros do Conselho Fiscal do Benfica, e nem 100 metros de tolerância chegavam para a profundidade do buraco das contas do Clube. Depois, o segundo destino foi o pulso da equipa que ganhou o campeonato transacto, ou seja, todos os membros da APAF (Para quem não sabe, Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol). Estes pobres coitados eram mandados pelo clube para paragens exóticas, e não conseguiam fazer caça submarina e ver as horas ao mesmo tempo. Claro que a direcção resolveu imediatamente este problema…
E agora estes magníficos relógios chegam aos pulsos de cada lampião. Oxalá venham a ser úteis aos benfiquistas, já que era sinal que o clube atingiria finalmente o lugar que merece: não, não é a Liga de Honra, recordo que estamos a falar do Benfica. Era mesmo a segunda ou terceira divisão. Aí sim, os Benfiquistas poderiam afirmar com conhecimento de causa, que o futebol português está pela Hora da Morte…
É que 100 metros é muito metro. O Obikwelu que o diga…
Um Obrigadinho bem Português.
GK
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