Que é feito de George Klowner?
E eis que, subitamente, surge a notícia que ninguém queria ouvir. Às 10 e meia da manhã, milhares de cibernautas assistem em directo à confirmação de que os boatos eram, realmente, verdadeiros. Num curto comunicado de 22 linhas, aparentemente escrito num irónico tom jocoso, George Klowner anuncia uma pausa sabática, alegando que está “cansado de mais” já que “isto de ter um Blog, ao fim e ao cabo, cansa”, aproveitando esta pausa para “descanso do pessoal”. Promete, contudo, voltar “fresco e revigorado” o mais brevemente possível.
Imediatamente se assiste a uma vaga com dimensões sem precedentes de declarações de pesar por parte de inúmeros líderes mundiais e de outros membros influentes da comunidade internacional.
Poucas horas depois, começavam já, através da Internet e da Blogosfera Internacional, a mobilizar-se movimentos de apoio e solidariedade. Por entre vigílias, procissões, marchas de protesto, buzinões e de uma torrente de comentários ao seu último Post, que conseguiu, inclusivamente, entupir os sistemas da Blogspot, sucederam-se as manifestações de descontentamento e de tristeza, ficando indubitavelmente assinalada na história da Humanidade aquela que viria a ser conhecida como “A Marcha Chorosa de Estocolmo”.

Os mais fiéis discípulos do proeminente blogger lançaram, imediatamente após o anúncio, a suspeita de que o comunicado parecia distante do habitual estilo de escrita de Klowner. Analistas especializados vieram alimentar esta teoria, afirmando que “algo de muito estranho se passou”, já que “parece haver sinais evidentes de que George Klowner não é o único responsável pelo teor do comunicado; as palavras e o estilo utilizados denotam, claramente, que o seu autor está sob pressão de terceiros”, como afirmou a 2 de Abril José Pacheco Pereira em Conferência de Imprensa.

Estas notícias, apesar do grau de incerteza com que foram dadas, vieram agravar ainda mais o clima de consternação mundial. Diversos países como a República Checa, Canadá, Suécia, Finlândia, Reino Unido e Irlanda decretaram 7 dias de luto nacional. A economia das Ilhas Caymans (especialmente a da sua capital, Georgetown), altamente dependente da produção do merchandising oficial do Blog de Klowner, mergulhou numa espiral inflacionista incontrolável, caindo num ciclo de bancarrota e assistindo, impotente, ao crash da bolsa nacional. Também se repetiram um pouco por toda a Ásia os fenómenos de suicídio colectivo perpetrados por núcleos de jovens fãs.
Até hoje, tudo de mantém na mesma. Nada se sabe sobre o paradeiro de George Klowner, se está vivo ou morto, e o Mundo olha com desespero para o futuro do Blog e da própria Humanidade.
Nunca se imaginou que o desaparecimento de um único homem pudesse, nos dias de hoje, abalar tão significativamente as bases do mundo ocidental. Mas a verdade é que desde 22 de Março o mundo nunca mais dormiu descansado. Sobrevive unicamente a esperança quase sebastiânica do regresso vitorioso de Klowner, acompanhado pelo temor aterrorizante de que o mundo não se consiga recompor desta cada vez mais inevitável perda.
A grande questão mundial é, hoje, uma só:
O que é feito de George Klowner?
Ana Teresa Gomes, enviada especial da Visão em Londres, com Agência Lusa
14 de Julho de 2006